domingo, agosto 12, 2007

A lucidez e a sua causa

É tarde. Tarde demais.

Não interessa a marca, o modelo, analógico ou digital. Não é preciso ver o tempo. Sinto-o passar.

No Sol que nasce e se põe, na voz das crianças que vai mudando, na música que ouço que muda de estilo, na conversa das pessoas no café, no que estranho que não estranhava...

Para lá da minha janela, tudo se desenrola. Vejo o tempo passar sem necessidade de o ver. Não tenho necessidade de o revelar.

Quantificá-lo é pensar no passado e no presente sem ti.

Um dia, sem saber como, esqueci-te. As tentativas de te visualizar apenas te afastam da minha memória. Perdem-se no tempo. A tua memória mantém-me perdido. E como gosto de me sentir vulnerável, fraco, desprotegido.

Assim, meu amor, só assim, mantenho a esperança que saibas de mim e me queiras de novo. Só assim, poderás ainda amar-me. Todos precisamos de sentir que fazemos falta a alguém. E tu fazes-me tanta falta.

Lembras-te de quando nos sentáva-mos nesta mesma janela e fazíamos a lista das compras para o dia a seguir? Líamos a lista dos cinemas inteira e apontávamos para um alietoriamente, onde íamos nesse mesmo dia à noite? Lembro-me do cheiro do teu cabelo depois do banho quando me perguntavas se gostava do teu novo amaciador.

Não me lembro de ti. Como fui capaz de te esquecer? Traí-me e à minha memória de ti. Procuro-te nos rostos das mulheres que passam por mim, procuro-te nas fotografias dos jornais locais, procuro-te nos gestos de outras mulheres que passaram por aqui.

Procuro-te no tempo. Mas como posso vê-lo? Não posso continuar a esquecer-te.

1 comentário:

Unknown disse...

Dei uma "espreitadela" no teu blog e gostei mto de tudo o k li!! :)
És psicologa?
Tenho uma prima que o é e está a tentar encontrar colaboradores para uma revista duma associação de "sem-abrigo" em Lx, e já k escreves tão bem, pensei k pudesses estar interessada!!
Se sim diz-me alguma coisa...
Um beijinho