segunda-feira, dezembro 15, 2003

um sonho e o orguho dele

é engraçado como as coisas podem mudar tão depressa. há cerca de mes e meio atrás estava eu sem emprego, desiludida, sem expectativas, completamente frustrada. Neste momento estou um pouco o oposto. Tenho um emprego que até me vai agradando porque pode-me permitir, e vai-me permitindo aos poucos, realizar um sonho muito antigo.
Estou a trabalhar numa agência de imprensa, especializada em imagens e todos os dias passam pelas minhas mãos milhares de imagens para editar. mas não é isso que me deixa especialmente contente. Este estado mais que satisfatório é provocado pelo envio de fotografias minhas para agencias do mundo inteiro e elas venderem-se todas!!! O que me deixou mesmo, mesmo, mesmo contente foi a selectiva Agencia Estado, a Agencia noticiosa Brasileira (a Lusa lá do sitio) terem publicado as minhas fotos e elas terem-se vendido!!!
ok... ok.... eu sei que isto não é nada modesto mas porra! tou orgulhosa de mim!!
Estou a conseguir realizar um sonho: a fotografia.

segunda-feira, novembro 24, 2003

SUBURBANIDADES...

Há muito tempo que já não andava de metro. Como uma bela suburbana apercebi-me hoje que senti saudades. Não do metro em si, obviamente, mas da altura em que andava mais de metro. Lembrei-me dos dias em que ia no pacifico do 318 da Rodoviária, que passa pelo meu bairro, até à gare do oriente e apanhava o metro para a cidade universitária. Descobri que durante os dois anos que não andei de metro, abriu mais um troço de linha até telheiras, descobri que já não sabia os truques de quais eram as portas que ficavam mais perto das escadas, onde era mais rápido sair. Colocaram-se-me novas questões: como funciona a porcaria do cartão lisboa viva ou o caraças, tenho de passar o bilhete para sair também??
E num instante deixei de me sentir suburbana para me sentir pacóvia.
Mas sinto-me bem, posso ir a ouvir a minha música, a ler os meus livros, a ver pessoas diferentes todos os dias, a apreciar o meu estatuto de suburbana e a sentir-me confortável com ele.

quinta-feira, novembro 20, 2003




"Nunca se sabe o que uma viagem pode trazer ao íntimo do coração. Como se o tempo de repente de um outro modo fluísse, ou mesmo a qualidade da sua hora mudasse, e uma coisa perdida, aparecesse, uma dúvida se quebra, um amor acaba, e um outro que nunca se tinha imaginado, de repente, nasce."
Lídia Jorge - A instrumentalina e outros contos.

segunda-feira, novembro 10, 2003

ok confesso!... tenho-me desleixado a escrever!
Mas sinceramente entre acordar as 6 da manhã para ir trabalhar, passar a manhã inteira fechada em quatro paredes (excepto os momentos em que vou à varanda fumar um cigarro), sair a correr para o curso, sair do curso e vir para casa...., confesso que quando chega a noite só tenho olhos para a minha cama e para as minhas almofadas! Além disso aqui a gaja trabalhou domingo, por isso... tou morta, stressada, e sem momentos minimamente lúcidos para escrever.

segunda-feira, novembro 03, 2003

JÁ ARRANJEI TRABALHO!!!!!!
JÁ NÃO ME SINTO UMA INÚTIL!!! AWEEEEEEE!!!!

domingo, novembro 02, 2003

Livro Livre


Hoje decidi criar um novo blog. é minha intenção que seja um livro aberto onde podem escrever e ajudar a criar um texto (independentemente do género literário). Ainda vou escrever a abertura do texto para depois darem largas à imaginação. Entretanto vou convidar escrivas :P

segunda-feira, outubro 27, 2003

QUANDO TUDO O QUE QUERIA ERAS TU...

Fugi. Corri, corri e corri dali para fora.. Vieram atrás de mim mas já nada me preocupava amor. Ia ter contigo. Sabia que estavas à minha espera. Prometeste-mo lembras-te? Ainda me lembrava onde vives. Gravei-te em todos os movimentos, todos os gemidos, todas as dores, todo o prazer. Sabia bem onde era a nossa floresta encantada.
Ia por uma estrada fria, vazia e obscura. Pensava em ti, no jantar à minha espera porque sabia que sabias que ia ter contigo naquele dia. Já não te via há algum tempo, mas não precisávamos de nos ver amor, estávamos juntos sem o estarmos.
Escondia-me atrás de uns caixotes quando passava um carro com sirenes. Eles não sabiam onde ia, não te conheciam como eu te conheço amor. Eles não sabiam sequer de ti. Fizeste bem em não me ires ver... Mas naquele dia amor... naquele dia!...
Tinha entrado numa zona habitada. Passava por umas lojas e vi de relance uma televisão onde a minha fotografia aparecia. Continuavam à minha procura. Eu que nunca tinha feito mal a ninguém! Tu sabes isso não sabes amor?
Estava cada vez mais perto de ti. Já quase que sentia o teu calor, quase que sentia o teu abraço, quase que te ouvia dizer o meu nome.
tinha chegado. Eles estavam à minha espera. Sabiam de ti amor. Sempre souberam. Levaram-me outra vez. Desta vez fecharam-me muito tempo, não sei dizer quanto, num quarto onde não sabia se era noite ou dia.
Penso em ti amor. Em ti, em nós, nos teu gemidos, no teu rosto, na nossa floresta. Tu és a fada e eu o duende que te adoro.
Amanhã vou fugir de novo.

domingo, outubro 26, 2003

Já aqui tinha comentado o quanto o Diário de Notícias me vinha a desagradar, nomeadamente devido à sombra crescente de sensacionalismo, de tendencialismo, de artigos dúbios e outras coisas que tais.
Quando cheguei à última página do Público de hoje vi um título que me chamou a atenção: "Liberdade de Imprensa".
Ana Sá Lopes escreve sobre a nomeação do Ex- Assessor do MNE Martins da Cruz para o cargo de Director do Diário de Notícias. ASL diz que a liberdade de imprensa é também o exercício de dependência de poderes estatais...
Ora todos os jornalistas são supostos ser independentes de qualquer poder estatal para ser garantida a sua transparência. É certo que se sentirem reprimidos pela politica editorial do orgão da imprensa, os jornalistas, podem recusar trabalhos. Mas sejamos frontais... neste momento, com este mercado de trabalho quem iria recusar um trabalho por afectar a sua consciência sabendo que consciente ou inconscientemente sofreria pressões?
De uma maneira ou de outra o jornalista vai ser influenciado pela linha editorial do seu jornal e no caso do Diário de Notícias cada vez mais influenciado pelo poder estatal.
Apesar de não concordar com o exercicio de dependência da liberdade de imprensa (não consigo perceber como se pode ser dependente dentro da liberdade... dependente da liberdade é outra coisa) concordo com um ponto que a ASL refere: que a nomeação do Ex-Assessor (que por sua vez já tinha sido assessor de imprensa de Cavaco Silva) Fernando Lima vem confirmar a estratégia de Estatização do DN.
O Abrupto tem também uns apontamentos sobre esta mesma matéria. Resumidamente JPP insurge-se contra esta nomeação comentando a nacionalização indirecta de um orgão de comunicação social.
Concordo quando diz que o maior atentado à liberdade de imprensa foi a compra da Lusomundo pela PT, mas há outros atentados que tais como o manter da posição do Estado sobre a RTP.
Deuses! Tanto que mudar para podermos falar de isenção e liberdade de imprensa na sua génese!
postas de bacalhau sonoro estrangeiro

hummm... tá aqui a passar uma música na rádio que é de fazer inveja a qualquer um dos nossos cantores pimbas!
ora diz assim a cançonete:
"I don't need you to suck my dick cause i'm already pleased
(...)
big gay heart...
please don't break my big gay heart!"

Emanuel volta!!! pimba pimba no toutiço!
pumba tumba e catrapumba!!............ $%&#$& que o teclado caiu!!!

depois de dois dias sem teclado porque o outro resolveu fazer queda livre e não piou mais do alto do seu poleiro, voltei à blogosfera.

quinta-feira, outubro 23, 2003

Lembram-se de há uns tempos atrás eu ter escrito um post sobre as galerias romanas da rua da prata e ter dito que quando tivesse fotografias as punha aqui??
pois ja tenho!


terça-feira, outubro 21, 2003

peço desculpa à audiência mas de vez em quando tenho de escrever coisas destas! ;)
já tenho aí outras coisas escritas mas queria aprofundá-las mais e lançá-las na altura certa. por isso... "me aguardem vai!"
O segredo de justiça morreu de vergonha

O segredo de justiça (essa coisa antes minimamente respeitada) de tão badalado que é agora, resolveu morrer. Ninguém se preocupa se é suposto ou não ser respeitado e se isso iria ou não afectar alguém. Imaginem o que era se um jornalista resolvesse revelar o nome de uma fonte que lhe tinha pedido o anonimato? Imaginemos que qualquer jornalista resolvia revelar a verdadeira identidade do andré? (o rapazote [como quem diz] da casa pia)? Que consequência é que isso traria para essa testemunha?
Imaginemos que um padre quebrava o segredo de confissão e contava tudo o que lhe apetecia? Quantas pessoas saíriam lesadas?
Imaginemos que um médico contava todo o historial cliníco de um paciente que por acaso era do governo e tinha apanhado algumas doenças venéreas?
Penso que no caso do segredo de justiça a revelação de escutas telefónicas à comunicação social só pode vir de um lado: do ministério público. Agora resta perguntar quem teria interesse de revelar estas escutas e porque não revelou tudo logo no início resolvendo faze-lo às prestações. Se um organismo do estado demonstra total desrespeito por algo sagrado em democracia como o segredo de justiçapara se vingar por uma decisão de um juiz que não teria gostado está a agir pior do que o visado nas escutas.
Não estou a desculpar ninguém. Antes pelo contrário. A culpabilizar todos.
Concordo com o P.R quando diz que não faz sentido que as coisas que realmente afectam a vida dos portugueses estejam a ser deixadas para trás enquanto se assiste a esta novela.
e é claro que numa novela tinha de morrer alguém certo? Nesta novela morreu o segredo de justiça. E de vergonha!!

sábado, outubro 18, 2003

(segundo a moda dos novos comentadores da Sic) Estou Espantada

Alguém viu a primeira página do DN de hoje?
O que é que me interessa saber se o Corte Inglés vai abrir em Oeiras?? isso vai influenciar a vida de um país inteiro para sair na primeira página de um jornal de distribuição nacional?
Será que com mais de 125 anos de experiência não conseguem fazer melhor do que isto?
Este é exemplo de como a força da rentabilidade económica transforma qualidade em banalidade.
Já a estória do Rui Teixeira Super-Homem me tinha deixado com água no bico.
Vou passar a ler O Público na esperança que algo mude não só o cheiro.

sexta-feira, outubro 17, 2003




Saberás dizer tudo aquilo que eu sinto
Saberás amar tudo aquilo que eu amo
Saberás apreciar a espuma do mar enquanto voas livre
Estarei a teu lado
serei o vento que te suporta
a brisa que te relaxa
e saberás que somos para sempre

quinta-feira, outubro 16, 2003

Decidi escrever hoje sobre as minhas impressões de uma cidade já distanciada no tempo e assim riscar um ponto da minha agenda de assuntos a escrever.


Impressões

Roma é luz, é movimento, é vida. Quem entra em Roma entra num corropio de gente saudável que vai passando pela tua frente e vai ficando na tua memória. Roma é afável, é história em cada pedra que pisas, em cada movimento que fazes, em cada vista que avistas.
Roma é o Campo dei Fiori recheado de gente à noite, é ir buscar um moscato ao bar e sentares-te numa fonte renascentista a saboreares o momento, o ambiente, as pessoas, a vida. Roma é as janelas de persianas em todos os prédios, é Trastevere e beber caffe fredo à noite. Roma é arte, cultura, história e contemporaneadade em qualquer momento. Roma é o Molo e os doritos é blue laggons, é o cantar o hino de Portugal às 4 da madrugada no meio da rua a chover cântaros. Roma é o mercado de Trastevere onde encontras pedaços da vida de pessoas que desapareceram há muito, mas permanecem nos seus pertences. Roma é negócio religioso. Roma é molhar os pés na Fontana di Trevi e apanhar uma micose, é pedir um desejo e atirar um cêntimo para trás das costas, é as motas que correm como formigas em direcção a casa, é o não conseguir que um carro pare e te deixe passar na passadeira. Roma é a cidade dos parques e jardins para onde levas uma manta que estendes na relva e onde passas uma tarde inteira a ler um livro e comer um gelado. Roma é desprendimento. É beberes o Capuccino mais saboroso do mundo quando estás encharcado até aos ossos, é comeres flores de courgettes, são japoneses de máquinas fotográficas. É a cidade da religião e da hipocrisia religiosa.
Roma são lendas, mitos e tantas realidades da cidade dos gatos, das flores, da história e do deslumbramento.


quarta-feira, outubro 15, 2003

de banda...

Devo dizer que acho piada às pessoas que andam na rua de cabeça inclinada para que o cabelo não vá para a frente dos olhos. São giras! Têm estilo!
E além disso estão a contribuir para o desenvolvimento do país! é que mais dia menos dia abre uma nova licenciatura: Torcicologia!
Imaginem a conversa entre duas pessoas de cabeça à banda:
- então tás bom?
- e pá! tou! Beeeeeemmmmm! noutro dia fui a um torcicólogo maravilhoso! tirou-me logo as dores todas! agora já posso andar com a cabeça inclinada à vontade!!!
- Ai foi??? tens de me dar o numero pá! o meu é fixe mas é um bocado caro e eu preciso de ir lá todas as semanas!!

Assim se percebe a importância de pequenos gestos e como podem contribuir para a diminuição do desemprego! de certeza que o governo adora estas pessoas!
Além disso as filhas de ministros, que por falta de despachos ministeriais não entrem para medicina, podem sempre optar por estudar torcicologia no Estrangeiro (porque a moda vai pegar)! É muito mais fino sei lá!

terça-feira, outubro 14, 2003

Ora devo dizer que comecei muito bem os meus 24 anos então nao foi?
Tou com uma virose, a noite passada vomitei 6 vezes, coisa que me fez ficar com sinais de sangue nos olhos e na testa.
Parece que levei um murro em cada olho!
Acho que não podia começar melhor!...

quinta-feira, outubro 09, 2003

Exactamente daqui a uma hora e 17 minutos faço 24 anos e, simultaneamente, 4 anos de namoro.
"Como é que te sentes?" - perguntou a Marta - "Não sei, ainda não fiz nenhum dos dois"!
Mas na antevisão da data devo dizer que a parte dos 24 anos não me entusiasma muito porque (bolas!) para o ano já faço 25!! (sofro por antecipação). Quanto à parte dos 4 anos... sinto-me excepcionalmente bem por pensar nisso, na pessoa e no tipo de relacionamento.

segunda-feira, outubro 06, 2003



recebi um e-mail com este texto e quis transcrevê-lo.


CONVERSA ENTRE PAI E FILHO, ANTES DO ADORMECER,
NUMA CIDADE NORTE-AMERICANA


Filho: Paizinho, porque é que tivemos que atacar o Iraque?
Pai: Porque eles tinham armas de destruição em massa, filho.

F: Mas os inspectores não encontraram nenhumas armas de destruição em massa.
P: Isso é porque os iraquianos as esconderam.

F: E porque é que nós invadimos o Iraque?
P: Bom, as invasões funcionam sempre melhor que as inspecções.

F: Mas depois de os termos invadido, AINDA não encontrámos nenhumas armas, pois não?
P: Isso é porque as armas estão muito bem escondidas. Mas deixa lá, haveremos de encontrar alguma coisa, provavelmente antes mesmo das próximas eleições.

F: Para que é que o Iraque queria todas aquelas armas de destruição
em massa?
P: Para as usar numa guerra, claro.

F: Estou confuso. Se eles tinham todas aquelas armas e planeavam usá-las numa guerra, então porque é que não usaram nenhuma quando os atacámos?
P: Bem, obviamente não queriam que ninguém soubesse que eles tinham aquelas armas, por isso eles escolheram morrer aos milhares em vez de se defenderem.

F: Isso não faz sentido, paizinho. Porque é que eles haveriam de escolher morrer se tinham todas aquelas armas poderosas para lutar contra nós?
P: É uma cultura diferente. Não é suposto fazer sentido.

F: Não sei o que é que tu achas, paizinho, mas não me parece que eles tivessem quaisquer daquelas armas que o nosso governo dizia que eles tinham.
P: Bom, sabes, não interessa se eles tinham ou não aquelas armas. De qualquer modo nós tínhamos outra boa razão para os invadir.

F: E qual era?
P: Mesmo que o Iraque não tivesse armas de destruição em massa, Saddam Hussein era um cruel ditador, o que é outra boa razão para invadir outro país.

F: Porquê? O que é que um ditador cruel faz para que seja correcto invadir o seu país?
P: Bom, pelo menos uma coisa, ele torturava o seu próprio povo.

F: Assim como fazem na China?
P: Não compares a China com o Iraque. A China é um bom parceiro económico, onde milhões de pessoas trabalham por salários de miséria, em condições miseráveis, para tornar as empresas norte-americanas mais ricas.

F: Então, se um país deixa que o seu povo seja explorado para o lucro das empresas americanas, é um bom país, mesmo se esse país tortura o povo?
P: Certo.

F: Porque é que o povo no Iraque era torturado?
P: Por crimes políticos, principalmente, tais como criticar o governo. As pessoas que criticavam o governo no Iraque eram presas e torturadas.

F: Não é isso exactamente o que acontece na China?
P: Já te disse, a China é diferente.

F: Qual é a diferença entre a China e o Iraque?
P: Bom, pelo menos uma coisa, o Iraque era governado pelo partido Baas enquanto que a China é comunista.

F: Não me tinhas dito uma vez que os comunistas eram maus?
P: Não; só os comunistas cubanos são maus.

F: Porque é que os comunistas cubanos são maus?
P: Bom, pelo menos uma coisa, as pessoas que criticam o governo em Cuba são presas e torturadas.

F: Como no Iraque?
P: Exactamente.

F: E como na China, também?
P: Já te disse, a China é um bom parceiro económico. Cuba, por outro lado, não é.

F: Porque é que Cuba não é um bom parceiro económico?
P: Bem, é assim, no princípio dos anos 60, o nosso governo fez umas leis que tornaram ilegal que os norte-americanos tivessem trocas comerciais ou outros negócios com Cuba, até que eles deixassem de ser comunistas e começassem a ser capitalistas como nós.

F: Mas se nós acabássemos com essas leis, abríssemos o comércio com Cuba, e começássemos a fazer negócios com eles, isso não ajudaria os cubanos a tornarem-se capitalistas?
P: Não te armes em chico-esperto.

F: Eu acho que não sou.
P: Bom, de qualquer modo, também não há liberdade de religião em Cuba.

F: Assim como na China, com o movimento Falun Gong?
P: Já te disse, deixa-te de dizer mal da China. De qualquer maneira, Saddam Hussein chegou ao poder através de um golpe militar, por isso ele não era realmente um líder legítimo.

F: O que é um golpe militar, paizinho?
P: É quando um general toma conta do governo de um país pela força, em vez de eleições livres como nós temos nos Estados Unidos.

F: O líder do Paquistão não chegou ao poder através de um golpe militar?
P: Referes-te ao General Pervez Musharraf? Uhm, ah, sim, foi; mas o Paquistão é nosso amigo.

F: Como é que o Paquistão é nosso amigo se o seu líder é ilegítimo?
P: Eu nunca disse que Pervez Musharraf era ilegítimo.

F: Não acabaste de dizer que um general que chega ao poder pela força,derrubando o governo legítimo de uma nação, é um líder ilegítimo?
P: Só Saddam Hussein. Pervez Musharraf é nosso amigo, porque ele nos ajudou a invadir o Afeganistão.

F: Porque é que nós invadimos o Afeganistão?
P: Por causa do que eles nos fizeram no 11 de Setembro.

F: O que é que o Afeganistão nos fez no 11 de Setembro?
P: Bem, em 11 de Setembro de 2001, dezanove homens, quinze dos quais da Arábia Saudita, desviaram quatro aviões e lançaram três contra edifícios, matando mais de 3000 norte-americanos.

F: Então, onde é que o Afeganistão entra nisso tudo?
P: O Afeganistão foi onde esses homens maus foram treinados, sob o regime opressivo dos Taliban.

F: Os Taliban não são aqueles maus radicais islâmicos que cortam as cabeças e as mãos das pessoas?
P: Sim, são esses exactamente. Não só cortavam as cabeças e as mãos das pessoas, como também oprimiam as mulheres.

F: Mas o governo de Bush não deu aos Taliban 43 milhões de dólares em Maio de 2001?
P: Sim, mas esse dinheiro foi uma recompensa porque eles fizeram um bom trabalho na luta contra as drogas.

F: Na luta contra as drogas?
P: Sim, os Taliban ajudaram muito, para obrigar as pessoas a deixarem de cultivar papoilas de ópio.

F: Como é que eles fizeram tão bom trabalho?
P: É simples. Se as pessoas fossem apanhadas a cultivar papoilas de ópio, os Taliban cortavam-lhes as mãos e as cabeças.

F: Então, quando os Taliban cortavam as cabeças e as mãos das pessoas que cultivavam flores, isso estava certo, mas não se eles cortavam as cabeças e as mãos por outras razões?
P: Sim. Nós achamos bem se os radicais fundamentalistas islâmicos cortam as mãos das pessoas por cultivarem flores, mas achamos cruel que eles cortem as mãos das pessoas por roubar pão.

F: Mas na Arábia Saudita eles não cortam também as mãos e as cabeças das pessoas?
P: Isso é diferente. O Afeganistão era governado por um patriarcado tirânico que oprimia as mulheres e as obrigava a usar burqas sempre que elas estivessem em público, e as que não cumprissem eram condenadas à morte por apedrejamento.

F: Mas as mulheres na Arábia Saudita não têm também que usar burqas em público?
P: Não, as mulheres sauditas simplesmente usam uma vestimenta islâmica tradicional.

F: Qual é a diferença?
P: A vestimenta islâmica tradicional usada pelas mulheres sauditas é uma roupa modesta mas em moda que cobre todo o corpo da mulher excepto os olhos e os dedos. A burqa das afegãs, por outro lado, é um instrumento maligno da opressão patriarcal que cobre todo o corpo da mulher excepto os olhos e os dedos.

F: Parece-me a mesma coisa com um nome diferente.
P: Bom, não vais agora comparar o Afeganistão com a Arábia Saudita. Os sauditas são nossos amigos.

F: Mas parece-me que disseste que 15 dos 19 piratas do ar do 11 de Setembro eram da Arábia Saudita.
P: Sim, mas foram treinados no Afeganistão.

F: Quem é que os treinou?
P: Um homem muito mau, chamado Osama bin Laden.

F: Ele era do Afeganistão?
P: Aahh, não, ele era também da Arábia Saudita. Mas era um homem mau, um homem muito mau.

F: Se bem me lembro, ele já tinha sido nosso amigo.
P: Só quando nós o ajudámos e aos mujahadin a repelir a invasão soviética do Afeganistão nos anos 80.

F: Quem são os soviéticos? Não era o Império do Mal, comunista, que o Ronald Reagan falava?
P: Já não há soviéticos. A União Soviética acabou em 1990, ou mais ou menos, e agora eles têm eleições e capitalismo como nós. Agora chamamo-lhes russos.

F: Então os soviéticos, quero dizer, os russos, agora são nossos amigos?
P: Bem, não efectivamente. Sabes, eles foram nossos amigos durante uns anos quando deixaram de ser soviéticos, mas depois decidiram não nos apoiar na invasão do Iraque, por isso agora estamos aborrecidos com eles. Também estamos aborrecidos com os franceses e os alemães porque eles também não nos ajudaram a invadir o Iraque.

F: Então os franceses e os alemães também são maus?
P: Não completamente, mas suficientemente maus para termos mudado o nome das French Fries (batatas fritas) e das French Toasts para Freedom Fries (batatas da liberdade) e Freedom Toasts.

F: Nós mudamos sempre os nomes à comida quando outro país não faz o que nós queremos?
P: Não, isso é só com os nossos amigos. Os inimigos, invadimo-los.

F: Mas o Iraque não foi um dos nossos amigos nos anos 80?
P: Bem, sim. Durante algum tempo.

F: Saddam Hussein não era então o líder do Iraque?
P: Sim, mas nessa altura ele estava em guerra contra o Irão, o que fez dele nosso amigo, temporariamente.

F: Porque é que isso fez dele nosso amigo?
P: Porque nessa altura o Irão era nosso inimigo.

F: Isso não foi quando ele lançou gás contra os curdos?
P: Sim, mas como ele estava em guerra contra o Irão, nós olhámos para o lado, para lhe mostrar que éramos seus amigos.

F: Então, quem lutar contra um dos nossos inimigos torna-se automaticamente nosso amigo?
P: A maior parte das vezes sim.

F: E quando alguém luta contra um dos nossos amigos torna-se automaticamente nosso inimigo?
P: Às vezes isso é verdade, também. Porém, se as empresas americanas poderem lucrar vendendo armas a ambos os lados ao mesmo tempo, tanto melhor.

F: Porquê?
P: Porque a guerra é boa para a economia, o que significa que a guerra é boa para a América. Além disso, visto que Deus está do lado da América, quem se opõe à
guerra é um ateu, anti-americano, comunista.
Percebes agora porque é que atacámos o Iraque?

F: Acho que sim. Nós atacámos porque era a vontade de Deus, certo?
P: Sim.

F: Mas como é que nós sabíamos que Deus queria que atacássemos o Iraque?
P: Bem, estás a ver, Deus fala pessoalmente com George W.Bush e diz-lhe o que deve fazer.

F: Então, basicamente, estás a dizer que atacámos o Iraque porque George W. Bush ouve vozes na cabeça?
P: Sim! Finalmente percebes como o mundo funciona. Agora fecha os olhos, aconchega-te e dorme. Boa noite.

F: Boa noite, paizinho.

sexta-feira, outubro 03, 2003

Harmonia japonesa


Apercebi-me hoje de que a filosofia Feng Shui não se aplica ao meu espaço (quarto, escritório, recanto, ninho... whatever!).
Ao ler uma revista de decoração (o pessoal tá a pensar em fazer mudanças, nem que seja só daqui a um ano) saltou-me à vista que um dos ditames do Feng Shui é ter os papéis arrumados e... não consigo! Juro! já tentei! mesmo ultimamente quando acabei de fazer as já famosas limpezas de verão, tinha todos os papéis (minimamente) arrumadinhos, mas uma semana depois já tenho outra vez papéis em cima do scanner, papéis ao lado do teclado, papéis por debaixo da impressora... etc.
Ok.. confesso, gosto de tomar nota de montes de coisas para fazer, para ver, para ler, para telefonar, para aprofundar... e muitas delas não as chego a fazer mas penso: "fica aqui para um dia que tenha oportunidade". Só que raramente esse dia chega e assim vão ficando papéis e mais papelinhos em sitios estratégicos do móvel do computador.
Mas não é só isto! é que uma outra coisa que o feng shui diz é que a secretária e a cadeira não devem ficar de costas para a janela! ok... a minha cadeira e o móvel estão exactamente de costas para a janela! (confesso que isto também não gosto muito visto que não dá muito jeito quando tenho de tratar imagens no pc, mas combati a questão com cortinados de algodão grosso que filtram bastante a luz tornando-a suave).
ah! o Feng shui também sugere que o mobiliário não forme linhas rectas ao longo da parede. Ora alguém me explica como é que eu sou capaz de fazer isso com um guarda-vestidos quadrado, um móvel rectangular e uma escrivaninha (que por sinal detesto mas que ainda vai dando jeito para guardar camisolas) também ela quadrada???
Ok já me apercebi que aplicar feng shui ao meu quarto não me vai trazer harmonia nenhuma!
O que me traz harmonia é eu sentir-me bem, e isso sinto! Por isso... japoneses apliquem as vossas filosofias em quartos mais espaçosos em que se possa fazer aquilo que dizem!
Nem todos moramos num palácio!

quinta-feira, outubro 02, 2003




palavras que soltam os sonhos

Por vezes toco-me para me certificar da minha existência. Existo e de cada vez cada vez que me toco descubro uma sensação diferente. É como se cada célula do meu corpo tivesse uma função própria. Vou assistindo à minha mutação. Esporadicamente reparo que assisto à mutação do meu espírito. Liberta-se nestas palavras pobres e precárias de quem necessita de escrever para se expressar e soltar as suas frustrações.
Frustrações? Muito subjectivo. São mais desejos que não passam disso. Mas sinto-me livre por desejar e sonhar! É por isso que estas palavras são um estado de espírito. E sou livre, e sorrio!

quarta-feira, outubro 01, 2003



ok... a função de comentários voltou!
infelizmente mas não foi possível recuperar os comentários anteriores!
desculpem!
Lamento mas tive de retirar a função de comentários porque o servidor onde estavam alojados tem um bug.
Vou ver de um novo serviço de comentários...

terça-feira, setembro 30, 2003

As crianças são magníficas!

Fui com o meu sobrinho hoje à pediatra e enquanto estavamos na sala de espera o belo do Tiago que tinha levado, os pópós, o tolo, o bébé, e a quiqueta (bicicleta em português) convidou um menino para brincar com ele, que no jeito de bébé é:
oia o meu pópó, oia outo pópó e ENA! tantusss pópós!
Logo trataram de fazer as apresentações e o Tiago e o Ricardo lá se entreteram a brincar e a gritar (tanto que eu tive de baixar o volume, isto é, dar-lhe a fufu, como quem diz, a chucha).
Depois de tanta gritaria e brincadeira chegou uma menina (a inês) que se sentou e tirou um pópó ao Tiago. Logo no momento o Tiago marcou a sua posição tratando de ir buscar o seu pertence e dizer: meu popó! A inês que não gostou muito continuou de fora da brincadeira, sentou-se de novo no chão e tentou tirar outro boneco. Mais uma vez se levantou o tiago tirou-lho porque ela não lhe tinha pedido se podia brincar com eles e lá se sentaram os dois de forma a que não pudesse "roubar" mais nada.
A Inês ficou em pé a olhar até ao momento em que o Tiago se levantou foi buscar o Tolo e disse: oia o touo!
E sentaram-se a brincar. O Tiago, O Ricardo e a Inês.

sábado, setembro 27, 2003

As galerias da desilusão


Havia já alguns anos que tinha curiosidade em visitar as galerias romanas da Rua da Prata sobre as quais tinha ouvido mitos e lendas.
Eis senão quando tive a oportunidade de as poder ver hoje de tarde.
Após dois amigos meus me terem avisado de que a espera poderia ser grande, lá estávamos nós na fila às 13:30.
A entrada é feita pela Rua da Conceição através de um buraco (que quando se encontra tapado se assemelha a uma caixa da electricidade, ou de saneamento) que por ser invulgar veio aumentar a expectativa.
Após algum tempo de espera (não tanto quanto o previsto) lá começámos a descer por uns estreitos degraus para uma galeria relativamente larga. Tudo muito interessante até ao momento em que chegámos ao final do corredor e nos apercebemos que dali não passava.
Convém explicar que as ditas galerias descobertas por volta do ano 1775, tratam-se de um criptopórtico, ou seja, uma construção de base usada em pisos irregulares para se nivelar o piso e a partir daí sustentar um edíficio. Sendo assim, nunca poderia ser muito grande!
No entanto, a desilusão instalou-se na nossa mente porque a expectativa era demasiado elevada, muito em parte devido aos "mitos e lendas" ou porque estaríamos a imaginar a coisa doutra maneira.
De qualquer forma, importa realçar uma coisa: a exploração do local poderia ser feita de outra forma já que é gerido pelo Museu da Cidade. Como um amigo meu sugeriu, porque não haver um passe que permitisse visitar os locais administrados pelo museu da cidade, incluindo o próprio museu em si ( e o critopórtico obviamente) dinamizando-o assim.
Mas é só uma ideia de pessoas que por acaso tiraram um curso que até teria algo a ver com o assunto!

P.S: quando tiver as fotos meto aqui.

sexta-feira, setembro 26, 2003




nunca estive tão viva

Todos os anos voas sobre mim, levas as sementes e distribuis a vida ao sabor de uma coca-cola.
Terra fecundada de amor, prenha de vida. Penhoras o deus errado pela vida fora como quem trava uma luta por razão incerta.
Sentada sozinha numa cadeira de plástico preciso de um guia turístico para viajar por mim adentro. Tudo muda com o que vem, fica, e voa. Assim mudo eu também.

quinta-feira, setembro 25, 2003

Peço imensa desculpa ao (parco) público que ainda tem paciência para me ler mas tenhos aqui umas contas a ajustar com o DN de Domingo.
Prometo para amanhã algo de mais substancial. Entretanto fiquem-se com isto:

"(...) A importância dos perigos do mundo exterior é exagerada e o objecto, que é o único que o pode proteger [o homem] contra estes perigos e substituir a vida intra-uterina, vê o seu valor enormemente aumentado... Este factor biológico estabelece pois as primeiras situações de perigo e cria a necessidade de ser amado, que nunca mais abandonará o homem.(...)"

quarta-feira, setembro 24, 2003

ok... não faço a mínima ideia porquê mas os comentários desapareceram!
Mas não é muito mau porque de manhã as imagens não carregavam por isso se a net continuar a melhorar o seu humor pode ser que para a noitinha já se possa fazer comentários!!
Mas não se preocupem porque também não faço a miníma ideia porque é que agora aparecem 597 mil 394 janelas que me perguntam insistentemente se quero fazer uma depuração! (Se calhar o meu blog tá com muitos pêlos nos tags de html e a depuração é o termo informático para depilação) Então deixem-me levar o blog à esteticista...
(eu e as minhas questões HTMLeiras)

terça-feira, setembro 23, 2003



O Nascimento de Vénus (pormenor)- Botticelli

O meu quadro preferido. A deusa, o meu planeta.
Hoje começa o Outono. A estação em que nasci mas com a qual não me identifico muito.
Não gosto nada de chuva a não ser naqueles dias no verão em que após umas pinguinhas sente-se o odor a terra molhada...
Vá-se lá saber porquê lembrei-me do monte dos meus avós no alentejo. O alentejo de quando era pequenita era aquele em que eu montava a égua e o meu avô segurava as rédeas para irmos buscar água ao poço, era aquele em que andavamos pelo pomar a apanhar laranjas, figos e alfarrobas para dar aos porcos e à mula, era aquele em que tomava banho ao final da tarde no alguidar enorme de barro em que a minha avó amassava o pão. Sinceramente o alentejo de hoje onde quem é "bem" tem um monte não é o meu alentejo. Perdeu a minha inocência de criança.
Mas estava eu a dizer... (escrever) a minha estação preferida é a Primavera. É o re-despertar da vida, do sol, são os dias em que não faz frio nem calor, são os dias em que começa a ficar dia até mais tarde, eram os dias em que brincava com pedrinhas na rua com o meu vizinho da frente quando as nossas casas ainda estavam a ser construídas.
Eu sei porque é que estou nostálgica. Estou a fazer limpezas de verão e as memórias saltam-me à frente sob a forma de algo.

segunda-feira, setembro 22, 2003



The River that takes the Light, takes the life.
One day, as I was walking by, i thought i saw a black bird on my shoulder.
As I set on a bench nearby it whispered in my head: " I think you're standing in blackness, blinded by the wish of wanting to be."
When I opened my mouth to answer, the little black bird had disapeared.
What am I going to do?
I'll watch the sun...
AH!!! já consigo pôr fotografias!!! aweeeeeeeeeeeeeeee!!!

agora so me falta conseguir meter a função de comentários... ;)


ok... ja consegui meter os comentários! :P

domingo, setembro 21, 2003

#1

é pá! tou contente! O blog ultrapassou as 500 visitas.
Não. Nunca terei pretensões de ter 5000 visitas por dia. Nem me sinto minimamente à vontade com isso!

(Só ainda não sei como raio é que meto fotos nesta treta! Juro que já tentei! Mas não consigo. Se alguém ler isto e tiver a amabilidade de me explicar ficaria deveras agradecida. É que sinto-me um bocado estúpida!)

apenas uma indicação...
Se quiserem leiam o post "QUATRO CASAMENTOS E UM FUNERAL. CASAMENTO #2" do blog do Pedro Mexia. Excelente!
CRISE DE ESTILO DE VIDA

Uma vida passada junta e andar farto dela.
É como vejo certos casamentos de 50 anos em que as duas partes que formam o casal já não se podem ver ao outro e, no entanto, não têm a coragem para se divorciar.
"ah... o que é que as pessoas iam pensar..."
e depois o que as pessoas iam pensar?
Sempre me pareceu que a vida seria conduzida por cada um, não pelo exterior e pela influência dos outros, para não parecer mal, para não desapontar, para não dar o desgosto. É óbvio que todos somos influenciados pela sociedade, pela famí­lia e pelos nossos semelhantes, mas não ao ponto de nos deixarmos reger por estes.
O que interessa é que não iam discutir todos os dias por causa do papel higiénico, do prato que se partiu, da terra que se pisou, das meias deixadas na casa de banho, dos medicamentos... Iam de certeza ser felizes.
Mas há uma coisa muito importante que impede estes casais de se separarem: o hábito. Esta é a sua rotina. A maneira como levam a vida.
Se fosse de forma diferente, o que seria das brigas e das questões que levam a dizer: "ai que já não posso! É agora que eu me vou embora!" e coisas que tal. Ou a versão masculina: "txiii... que coisa! um dia isto acaba... esta mulher dá comigo em doido!"
É que assim foi sendo, e assim será, até não serem mais um casal.

quinta-feira, setembro 18, 2003

QUE GRANDE CONFUSÃO... ou talvez não!!

Puxei a brasa à minha sardinha e ela voou para o quintal da minha vizinha que por sinal tem uma galinha melhor do que a minha, que foi dada, e portanto, não se olha o dente.
Mas esperem... As galinhas não têm dentes!

quarta-feira, setembro 17, 2003

Nostalgia e resignação

Ontem tive de ir ao médico. Ao chegar lá, por ser a primeira vez com aquela médica em especial, tive de preencher a ficha. Ao perguntarem-me: "emprego?" ia responder: "Estudan..." e depois lembrei-me que já tinha ultrapassado essa fase e apercebendo-me do meu estado, resignada respondi: "desempregada".
E continuo com a vida em suspense...
CITAÇÃO III

"Ninguém pode construir em teu lugar as pontes que precisarás de passar, para atravessar o rio da vida. Ninguém excepto tu, só tu."

Friederich Nietzsche

segunda-feira, setembro 08, 2003

Citação II


"O mundo é absurdo! Totalmente desprovido de sentido. É lugar de uma Vontade cega, de um querer viver. O querer viver Constitui a chave do enigma do mundo. O desejo, expressão consciente e individual desse querer viver, é trágico, porque o homem acredita, ao saciá-lo, servir os seus próprios interesses, quando na realidade está ao serviço da espécie. Para além disso o desejo é doloroso porque ele é essencialmente carência, por conseguinte irracional. A soluçao é o niilismo - negação de todos os valores reconhecidos, não acreditar em nada. A Filosofia pode ser a salvação, ela e a meditação, através da renúncia e do ascetismo, levam à sabedoria suprema, à negação do desejo e do querer viver. Para os budistas: Nirvana."

Arthur Schopenhauer

quinta-feira, setembro 04, 2003

Citação

Só aqui vim para citar uma frase do Pedro Mexia no seu blog . Post "angolénossa chegou a blogosfera" de 02.09.03: "(..) À direita Angolénossa desejo muitos meninos e que tenham netos judeus. "
;)

Agora vou-me Pintar, pincelar, qualquer coisa.

quarta-feira, setembro 03, 2003

Bem.. voltei de férias e já nao era sem tempo!
ok... estar de férias é bom mas chega a uma certa altura que chateia estar sem fazer nada!
E voltei para quê? Para o desemprego, ou como eu lhe costumo chamar, para as férias forçadas. Sendo assim não voltei nada de férias! Ou seja, do estado de não fazer nada fora de casa passei para o estado de não fazer nada em casa. A verdade é que me sinto uma inútil.
De qualquer forma acho que vou aproveitar este tempo para me "aculturar de novo". Pôr a leitura e a escrita em dia.
Aproveitar para ler e reler livros esquecidos, jornais (não acreditem em tudo o que lêm), blogs e teorias da conspiração.
Por falar em teorias da conspiração... chegou ao meu conhecimento o blog do GOVD também conhecido por muito mentiroso (que é algo para reflectir). Aconselho vivamente que dêm uma espreitadela e leiam. Leiam até ao fim porque, apesar do grosso do público português não conhecer muitos nomes citados, muitas coisas parecem fazer sentido! (portas é desta que não te safas!)
e por falar em blogs tenho de dizer uma coisa: Oh mummy lua! volta pá gente ou faz outro blog se te apetecer, mas nao nos deixes (a comunidade blogueira entenda-se) com a manifesta vontade da tua presença e dos teus escritos! Saudadinhas do principe Sal!
E pronto já disse aquilo que me apetecia dizer por agora.
Vou fazer uma lista de tópicos de futuros posts e vou comprar memórias do futuro ao gato preto.

sexta-feira, agosto 08, 2003

Planura...


Pensar. Em tudo. Em nada.
Precisar de estar sozinha. Meter ordem na cabeça. Corropio de ideias, projectos, sonhos e ideais idealizados para mais tarde recordar.
Uma vida adiada na esperança de ser vivida.
Saudades do amanhã. Vontade de viver depressa e querer que as coisas aconteçam.

Quando for grande quero SER.
bem... isto já lá vão uns dias e vamos ver se ainda não me esqueci de nada...
é que estive "de férias" e voltei só para fazer o relatório de estágio e vou voltar a ir "de férias".
Por isso os meus poucos leitores,ou seja, a minha família e amigos, que me desculpem e promete-se um novo fôlego do blog para depois das férias e de relatórios.

sexta-feira, agosto 01, 2003

Bater o pé

Ora cá estou eu de novo e mais uma vez surpreendida. (devia pensar em mudar o nome do blog para surpresas)

Todos sabemos que isto não está facil (como se costuma dizer) mas desde aí até jugarem as pessoas por parvas ainda vai um bocadinho...
Há uns dias atrás vi um anúncio em que pediam licenciados para um estágio em publicidade e marketing. Mandei o currriculo e telefonaram-me a marcar a entrevista para hoje de tarde. Na hora certa lá me apresentei eu à porta da dita empresa. Mandaram-me entrar para uma sala onde já se encontravam cerca de 10 pessoas e preencher um papelinho (logo aí o meu suspeitómetro começou a funcionar). Tudo bem... preenchi o papelinho e passaram 10 minutos de silencio incomódo de 10 pessoas numa sala a pensar que cada um poderia tirar o lugar ao outro. Passados esses 10 minutos lá vem uma senhora que diz boa tarde 3 vezes (sinónimo de discurso ensaiado) e começa a explicar as tarefas a desempenhar para todos os presentes. Comecei a não achar piada ao facto de sermos todos uma carneirada que não merecia atenção nenhuma em especial, mas ok... pensei eu é preciso dar o beneficio da dúvida. E assim lá continuou a senhora a explicar as funções para as quais eram preciso pessoas licenciadas! Precisavam de entrevistadores para um estudo de mercado!
Esta realmente ofendeu-me! É certo que tenho de arranjar um trabalho mas eu não andei a estudar durante 19 anos da minha vida para ir fazer inquéritos para a rua! Isso era desrespeito por mim e mais ainda pelos meus pais que me pagaram (e esforçadamente) a licenciatura! O minímo que eu posso fazer é tentar ser bem sucedida.
Acho incrível a LATA (para não dizer mais) de empresas como esta que julgam que podem fazer as pessoas por parvas baseadas no facto de que o mercado de trabalho está mau!
Naturalmente pedi para me vir embora e saí de lá furiosa!
Desempregada mas não desesperada!

quarta-feira, julho 30, 2003

Lamento meus amigos mas isto quando uma pessoa tá doente tá doente. Não há vontade para nada.
Por isso esperam-se melhoras da paciente e do blog... preferencialmente para hoje! ;)

domingo, julho 27, 2003

Santa Paciência!!!

É preciso antes de mais esclarecer uma coisa: eu sou católica. Mas apenas porque fui baptizada, porque não sigo os desígnios que me foram impostos.

Isto das reuniões de preparação para baptizado são um grande teatro. Acaba por ser uma reunião em que balbucias (porque já não te lembras) o pai nosso, e erras na altura de rezar a avé maria. Uma reunião em que uma senhora chega e diz: “eu acredito que Deus criou o mundo! Tenho a profunda certeza disso!” e tu naquele preciso momento pensas: “ó santa paciência!” (não tendo o santa aqui qualquer conotação religiosa).
É uma reunião de hipocrisia mútua. Hipocrisia de nós que lá vamos e não acreditamos na igreja e hipocrisia dos condutores da reunião que sabem perfeitamente que só 10% daqueles que lá vão querem baptizar as crianças por fé. No entanto, ainda nos dão sermões (no verdadeiro sentido do termo) sobre como o baptizado é a recepção do espírito santo que muitas vezes depois é esquecido e “fica amarfanhado dentro de nós como um lenço num bolso de umas calças”.
Que direito é que tenho para poder escolher uma religião para uma criança? Para mim deus, ou o que lhe queiram chamar, é uma coisa estritamente pessoal. Cada um tem a sua relação com a divindade e toma o rumo que escolhe.
Das coisas que mais me agride é o querer impor uma religião a alguém e ainda ter de ouvir o: “é nas pequenas coisas que nós vamos impondo a presença de deus. Quando vamos à praia dizemos aos nossos filhos que deus criou o mar, o ar, a terra, os animais, as plantas e o homem” (sim porque o homem não é um animal!).
É por estas e por outras que as pessoas abandonaram as igrejas e os padres se queixam que quem vai à missa não responde ao sermão com améns e avé marias. Isto de tal forma que a igreja já arranjou o esquema em que te dão (ao módico preço de 2€ para a causa) um caderninho com o discurso ensaiado e a parte em que tens de dizer eu creio e amén para que o padre não se sinta desamparado.
É por isto que eu digo, haja paciência (e não é preciso que seja santa é só preciso em grande dose!)
Prometo que amanhã escrevo algo.
É que isto de andar de trás para a frente com a peste do meu sobrinho atrás a tratar e a ver de coisas para o batizado dele... UI!
Então até amanhã! =)

sexta-feira, julho 25, 2003

Muralhas e um cigarro


Quando venho para casa à noite gosto de escrever.
Vou ao frigorífico, tiro a minha garrafa de Muralhas, encho um copo e vou para a varanda. Sento-me numa arca velha onde a minha mãe guarda o vestido de casamento e os lençóis da noite de núpcias e abro a janela. Fumo um cigarro, olho para o céu e vejo os aviões a levantarem vôo da Portela.
Então fico um pouco em paz. Entrego-me aos meus pensamentos. Quero que a vida corra. Tenho pressa que os meus sonhos se concretizem e parece que todos os minutos de cada dia me empatam. Molho mais uma vez os lábios e as ideias tornam-se mais claras. Aumenta a frustração, mas isso já não importa. Há qualquer coisa que me desprende a visão entre um copo de vinho verde e um cigarro.
Clareiam-se as ideias e então escrevo.
É pá... agora é que eu reparei... eu ultimamente ando-me a surpreender imenso! uma vez por boas, outra por más razões... mas isto tem sido de carreirinho!...
Não há longe nem distância

Por vezes a surpresa vem donde menos se espera e é bem verdade.
Ás vezes surpreendo-me com o lado bom das pessoas. Daquelas que não têm receio de mostrar carinho, de dizer o que pensam, que vão sentir a tua falta quando te fores embora. É reconfortante.
É sinal de que por onde passas fazes alguma diferença e ficas na lembrança das pessoas. Esta pessoa vai com certeza ficar na minha lembrança, porque por mais que o tempo passe e os kilómetros separem... “não há longe nem distância”. =)

quinta-feira, julho 24, 2003

Mau gosto!

Dez vez em quando a realidade surpreende-me mais do que a minha ficção.
Só hoje tive oportunidade de ver os novos anúncios do turismo português. Julgo que já antes os teria visto mas devo ter tido o síndroma mais-uns-bonecos-do-contra-informação, e como tal, não liguei.
Hoje, no entanto, estupidifiquei-me com o mau gosto de quem concebeu a campanha, mas mais ainda com a falta de estética, de visão, de conhecimentos de quem aprovou e comprou a campanha!!
Tudo bem que estamos em época de recessão e a primeira coisa que se corta é na publicidade, mas isso é quando se anuncia um bacalhau, não um país! O que aqui se põe em causa é a imagem de Portugal (supostamente a que quer ser dada ao mundo é a de modernidade, de inovação etc...) mostrando uma camada de broncos que não sabem o que dizem, como quem escolheu aquilo não sabe o que faz. Como dizia o abrupto no seu post de 19.07.03 "qualquer pessoa que veja aquilo foge a sete pés do país..."
Mas outra questão se levanta... É que tal promoção foi encomendada pelo instituto público que visa promover a imagem de Portugal no estrangeiro, só que tal instituto está em fusão-remodelação-tira-competências-mete-competências e muitas das suas incumbências foram-lhe retiradas por despachos. Assim leva-me a uma pergunta: Como é possível que o nosso dinheiro seja usado para tão má promoção do nosso país?
Depois admirem-se de sermos gozados pelo resto da Europa se esta é a imagem que damos de nós!

quarta-feira, julho 23, 2003

De todas as vezes que te deixo fico cinzenta. Quando ouço o comboio a avisar que nos vai separar aperto o coração, dou-te mais um beijo e não olho para trás. Vejo-te a andar parado na estação enquanto eu me movo sem me mexer. O resto é angústia. É mais uma tarde triste de despedida. É o pesar de chegar a casa, é o contar os minutos até te ver outra vez.
Mar... Como o mar que abraça, embala, acarinha a vida... Assim és tu.
ok... já acordei mas aqui o ambiente de trabalho não me inspira minimamente.
por isso... prefiro a paz deuses, ou seja a noite.

terça-feira, julho 22, 2003

"Sinto-me invulgarmente despreocupado, liberto, em casa. A súbtil tristeza que sempre me faz companhia não pesa aqui. Por momentos consigo pensar no que antes me atormentava e depois tudo isso se evapora como um sopro. Viajar serve para despistar os demónios com uma finta."

Pedro Paixão, Saudades de Nova Iorque
coisas de gaja...

Há certas coisas que um homem nunca vai saber o que é. Certas sensações, certos momentos, experiências. E não me estou a referir só á parte de não poderem ter filhos, mas sim áquelas coisas que só uma mulher tem e sabe. É claro que ser mulher é óptimo e olhas a vida de maneira diferente e blá blá blá... Mas e aquelas partes que não se dizem?
Um homem nunca vai saber o que é ter um penso higiénico colado exactamente àquele sítio e o martirio que é para o conseguir tirar. Martírio a Martírio.... Um homem nunca vai saber o que é aguentar todos os meses com as santas dores mestruais e com a merda do SPM que te deixa bem disposta num minuto e capaz de arrancar um camião do chão no outro. Um homem nunca vai saber o que é ganhar uma alergia a um penso ou a um tampão.... Um homem nunca vai saber o que é a dor de uma cotovelada no peito. Nunca vai saber...
Ser mulher é único para as boas e más coisas.

Concordam ou não? respostas

segunda-feira, julho 21, 2003

Kellygate

Não posso deixar de escrever sobre a morte de David Kelly, cientista britânico, e, principal fonte de uma reportagem da BBC sobre a não existência de armas de destruíção maciça que supostamente justificavam o ataque ao Iraque.

Impressionou-me o facto de a BBC (sim a poderosa estação pública britânica referência de serviço público da nossa querida RTP) ser tão acolhida, qual menino desprotegido em colo de mãe, pelo governo britânico que não descansaria enquanto duas coisas acontecessem:
1- ou David Kelly apresentasse um pedido de desculpas à BBC
2- ou David Kelly morresse.

Infelizmente foi a segunda que aconteceu.
Isto não deixa de me ensombrar e colocar-me questões, enquanto comunicóloga (como dizia o saudoso José Carlos pereira), sobre o papel do jornalista nesta questão. Andrew Gilligan, o autor da reportagem que despoletou a polémica, indicava que teria uma fonte única sobre todas as informações contidas na peça. Esta informação era correcta mas não foi correcta a forma como a tratou. Veio-se a verificar que realmente era verdade, que não existiam armas de destruição maciça no Iraque, (e Blair ficou tão mal visto só por causa de um cientistazinho) e veio-se a verificar que afinal quem devia um pedido de desculpas era o governo britãnico.
Ora como pode a "referência" do serviço público ser tão manipulável pelo governo? Em Portugal os dinheirinhos a fundo perdido sabem sempre bem... será que também funciona assim na Grã Bretanha?
É pena que para que a verdade venha ao de cima um homem, que apenas pecou por ser sincero e querer partilhar as suas razões com os outros, tenha que se "suicidar" (coisa ainda por esclarecer). Teremos aqui um Kellygate??
Enquanto estou no trabalho, ouço Julie London... Não sei porquê imagino-me nos anos 50, num bar de jazz com um penteado digno da altura, sentada numa mesa, a fumar um cigarro com uma boquilha. Uma empregada vestida com um vestido preto curtinho e com um avental vende cigarros e queijadas de Sintra. De repente ouço um homem a gritar: “era penalty caralho! Só o ladrão do árbitro não viu!”
No intervalo entra ela para cantar. Saltos altos (que penso que não devem dar muito jeito para o relvado), vestido preto comprido, cabelo apanhado em cima... Julie faz uma entrada fenomenal. Um dia quando crescer quero ser como ela penso eu. O meu pai pergunta-me: “queres uma queijada filha?” Respondo: “não... quero uns sapatos de salto alto...”

domingo, julho 20, 2003

Mais uma cara transfigurada. Marcada pela dor. Todas as noites via caras em que se lia o vazio de em nada acreditar.

Sentado no banco ao fundo do balcão, não pude evitar. Mais uma bebida, mais um brinde às lágrimas, um convite ao choro. Sempre soube quem ia ocupar o banco ao lado do meu, mas demoras tanto a chegar minha querida.

Vejo-te agora entrar pela porta. Estás deslumbrante, ou sou eu que já brindei demais e vejo-te entrar desfocada e luminosa.

Pestanejo e deixo de te ver. O banco continua desocupado e eu peço mais uma bebida, desta vez com muito gelo. Preciso de voltar a mim lentamente.

Os teus olhos rasgados, verdes, a pele branca e imaculada dos teus ombros... como me apetece beijá-los! Só o facto de te ver aqui deixa-me ébrio.

Tocas-me por detrás, palmadinhas no ombro. Tomaste agora o rosto de um homem robusto obviamente com uns quilos a mais e delicadeza a menos enquanto me indicava a saí­da.
Saí­. Entrei na porta ao lado. Voltei a beber querida. Hoje tornas-te ainda mais meiga. Entras em mim, alegras-me, fazes-me chorar e respirar. Alguns vêm-te em sonhos, eu bebo-te e sinto-te em mim. Assim és real.

Desde cedo que soube o que queria de ti. Queria-te perfeita. Vejo-te todas as noites e atinges a perfeição.

Arrasto-me até casa sem saber em que rua estou. Até as coisas inanimadas têm vida, já que insistem em esbarrar em mim.

Vou só, como sempre, esperando esbarrar em ti.

Acordei. O sol queimava-me a vista e o choro o fí­gado. Resolvi manter-me de olhos fechados enquanto me tentava levantar.

O meu estômago recolheu-se numa dor arrepiantee deixei o meu corpo governar sobre mim. Uma dor de cabeça latejante atinjiu-me depois de um arrepio incontrolável. Perdi as forças nas pernas.

Sabia que estavas aqui. Não queria abrir os olhos com medo que desaparecesses como todas as outras vezes. Imaginei que falavas para mim perguntando-me se estaria melhor. Agora tinha realmente perdido as minhas faculdades mentais. Nunca antes me tinhas dirigido a palavra. A tua voz doce, gentil. preocupada levou-me a querer abrir os olhos. Associar um rosto á voz.

Tu abandonar-me-ias. Não podia correr o risco. Queria-te perfeita como sempre, e a realidade assustava-me tanto! E tu não podias habitar nessa realidade. Queria mas não consentia. Seria doloroso demais.

Senti a tua mão na minha e precipitei-me a correr. Não podias ser real meu amor.

Eras demasiado perfeita para isso.
Segundo o Dicionário Universal da Língua Portuguesa da Texto Editora...


PAIXÃO
do Lat. passione, sofrimento

s. f.,
sentimento excessivo;
amor ardente;
afecto violento;
entusiasmo;
cólera;
grande mágoa;
vício dominador;
alucinação;
sofrimento intenso e prolongado;
parcialidade;
o martírio de Cristo ou dos Santos martirizados;
parte do Evangelho em que se narra a Paixão de Cristo;
colorido, expressão viva, em literatura.

Lembro-me de uma vez quando era pequena e queria uma boneca. Insistentemente durante algum tempo pedi a boneca aos meus pais e depois de tantas lamúrias, por um natal, tive a sorte de a receber! Eu tinha uma Tucha! (naquela altura ainda não havia barbies) Brinquei e brinquei e brinquei durante tardes a fio, estava apaixonada pela minha Tucha. Um dia resolvi que ela deveria mudar de visual pois já a tinha assim há muito tempo e não iria ter outra boneca diferente para substituir aquela. Fiz omeletes com poucos ovos e operou-se uma mudança. A minha Tucha ficou com o cabelo curto! A minha paixão por ela ganhou outras formas! Parecia que tinha uma boneca inteiramente nova! E continuei a brincar com ela todas as tardes quando chegava a casa da escola.
Um dia encontrei o Tucha debaixo da pata do Putchi (o meu cachorrito) quando a consegui libertar do abocanhamento a minha Tucha estava disforme. Do braço apenas restavam lascas presas nos dentes do Putchi. Guardei-a dentro de uma caixa e dentro de mim.
Isto foi paixão.
ok... a primeira vez é sempre a mais complicada. É o não saber o que fazer com as mãos, como funciona.
O que vou escrever daqui para a frente é tudo menos a realidade, ou talvez não. São partes de mim, do consciente da inconsciência (Freud de certeza que explicava isto!) são apontamentos, são loucuras, é o elogio da loucura, são alegrias, tristezas... Tudo aquilo a que costumamos chamar vida.