quarta-feira, julho 30, 2003

Lamento meus amigos mas isto quando uma pessoa tá doente tá doente. Não há vontade para nada.
Por isso esperam-se melhoras da paciente e do blog... preferencialmente para hoje! ;)

domingo, julho 27, 2003

Santa Paciência!!!

É preciso antes de mais esclarecer uma coisa: eu sou católica. Mas apenas porque fui baptizada, porque não sigo os desígnios que me foram impostos.

Isto das reuniões de preparação para baptizado são um grande teatro. Acaba por ser uma reunião em que balbucias (porque já não te lembras) o pai nosso, e erras na altura de rezar a avé maria. Uma reunião em que uma senhora chega e diz: “eu acredito que Deus criou o mundo! Tenho a profunda certeza disso!” e tu naquele preciso momento pensas: “ó santa paciência!” (não tendo o santa aqui qualquer conotação religiosa).
É uma reunião de hipocrisia mútua. Hipocrisia de nós que lá vamos e não acreditamos na igreja e hipocrisia dos condutores da reunião que sabem perfeitamente que só 10% daqueles que lá vão querem baptizar as crianças por fé. No entanto, ainda nos dão sermões (no verdadeiro sentido do termo) sobre como o baptizado é a recepção do espírito santo que muitas vezes depois é esquecido e “fica amarfanhado dentro de nós como um lenço num bolso de umas calças”.
Que direito é que tenho para poder escolher uma religião para uma criança? Para mim deus, ou o que lhe queiram chamar, é uma coisa estritamente pessoal. Cada um tem a sua relação com a divindade e toma o rumo que escolhe.
Das coisas que mais me agride é o querer impor uma religião a alguém e ainda ter de ouvir o: “é nas pequenas coisas que nós vamos impondo a presença de deus. Quando vamos à praia dizemos aos nossos filhos que deus criou o mar, o ar, a terra, os animais, as plantas e o homem” (sim porque o homem não é um animal!).
É por estas e por outras que as pessoas abandonaram as igrejas e os padres se queixam que quem vai à missa não responde ao sermão com améns e avé marias. Isto de tal forma que a igreja já arranjou o esquema em que te dão (ao módico preço de 2€ para a causa) um caderninho com o discurso ensaiado e a parte em que tens de dizer eu creio e amén para que o padre não se sinta desamparado.
É por isto que eu digo, haja paciência (e não é preciso que seja santa é só preciso em grande dose!)
Prometo que amanhã escrevo algo.
É que isto de andar de trás para a frente com a peste do meu sobrinho atrás a tratar e a ver de coisas para o batizado dele... UI!
Então até amanhã! =)

sexta-feira, julho 25, 2003

Muralhas e um cigarro


Quando venho para casa à noite gosto de escrever.
Vou ao frigorífico, tiro a minha garrafa de Muralhas, encho um copo e vou para a varanda. Sento-me numa arca velha onde a minha mãe guarda o vestido de casamento e os lençóis da noite de núpcias e abro a janela. Fumo um cigarro, olho para o céu e vejo os aviões a levantarem vôo da Portela.
Então fico um pouco em paz. Entrego-me aos meus pensamentos. Quero que a vida corra. Tenho pressa que os meus sonhos se concretizem e parece que todos os minutos de cada dia me empatam. Molho mais uma vez os lábios e as ideias tornam-se mais claras. Aumenta a frustração, mas isso já não importa. Há qualquer coisa que me desprende a visão entre um copo de vinho verde e um cigarro.
Clareiam-se as ideias e então escrevo.
É pá... agora é que eu reparei... eu ultimamente ando-me a surpreender imenso! uma vez por boas, outra por más razões... mas isto tem sido de carreirinho!...
Não há longe nem distância

Por vezes a surpresa vem donde menos se espera e é bem verdade.
Ás vezes surpreendo-me com o lado bom das pessoas. Daquelas que não têm receio de mostrar carinho, de dizer o que pensam, que vão sentir a tua falta quando te fores embora. É reconfortante.
É sinal de que por onde passas fazes alguma diferença e ficas na lembrança das pessoas. Esta pessoa vai com certeza ficar na minha lembrança, porque por mais que o tempo passe e os kilómetros separem... “não há longe nem distância”. =)

quinta-feira, julho 24, 2003

Mau gosto!

Dez vez em quando a realidade surpreende-me mais do que a minha ficção.
Só hoje tive oportunidade de ver os novos anúncios do turismo português. Julgo que já antes os teria visto mas devo ter tido o síndroma mais-uns-bonecos-do-contra-informação, e como tal, não liguei.
Hoje, no entanto, estupidifiquei-me com o mau gosto de quem concebeu a campanha, mas mais ainda com a falta de estética, de visão, de conhecimentos de quem aprovou e comprou a campanha!!
Tudo bem que estamos em época de recessão e a primeira coisa que se corta é na publicidade, mas isso é quando se anuncia um bacalhau, não um país! O que aqui se põe em causa é a imagem de Portugal (supostamente a que quer ser dada ao mundo é a de modernidade, de inovação etc...) mostrando uma camada de broncos que não sabem o que dizem, como quem escolheu aquilo não sabe o que faz. Como dizia o abrupto no seu post de 19.07.03 "qualquer pessoa que veja aquilo foge a sete pés do país..."
Mas outra questão se levanta... É que tal promoção foi encomendada pelo instituto público que visa promover a imagem de Portugal no estrangeiro, só que tal instituto está em fusão-remodelação-tira-competências-mete-competências e muitas das suas incumbências foram-lhe retiradas por despachos. Assim leva-me a uma pergunta: Como é possível que o nosso dinheiro seja usado para tão má promoção do nosso país?
Depois admirem-se de sermos gozados pelo resto da Europa se esta é a imagem que damos de nós!

quarta-feira, julho 23, 2003

De todas as vezes que te deixo fico cinzenta. Quando ouço o comboio a avisar que nos vai separar aperto o coração, dou-te mais um beijo e não olho para trás. Vejo-te a andar parado na estação enquanto eu me movo sem me mexer. O resto é angústia. É mais uma tarde triste de despedida. É o pesar de chegar a casa, é o contar os minutos até te ver outra vez.
Mar... Como o mar que abraça, embala, acarinha a vida... Assim és tu.
ok... já acordei mas aqui o ambiente de trabalho não me inspira minimamente.
por isso... prefiro a paz deuses, ou seja a noite.

terça-feira, julho 22, 2003

"Sinto-me invulgarmente despreocupado, liberto, em casa. A súbtil tristeza que sempre me faz companhia não pesa aqui. Por momentos consigo pensar no que antes me atormentava e depois tudo isso se evapora como um sopro. Viajar serve para despistar os demónios com uma finta."

Pedro Paixão, Saudades de Nova Iorque
coisas de gaja...

Há certas coisas que um homem nunca vai saber o que é. Certas sensações, certos momentos, experiências. E não me estou a referir só á parte de não poderem ter filhos, mas sim áquelas coisas que só uma mulher tem e sabe. É claro que ser mulher é óptimo e olhas a vida de maneira diferente e blá blá blá... Mas e aquelas partes que não se dizem?
Um homem nunca vai saber o que é ter um penso higiénico colado exactamente àquele sítio e o martirio que é para o conseguir tirar. Martírio a Martírio.... Um homem nunca vai saber o que é aguentar todos os meses com as santas dores mestruais e com a merda do SPM que te deixa bem disposta num minuto e capaz de arrancar um camião do chão no outro. Um homem nunca vai saber o que é ganhar uma alergia a um penso ou a um tampão.... Um homem nunca vai saber o que é a dor de uma cotovelada no peito. Nunca vai saber...
Ser mulher é único para as boas e más coisas.

Concordam ou não? respostas

segunda-feira, julho 21, 2003

Kellygate

Não posso deixar de escrever sobre a morte de David Kelly, cientista britânico, e, principal fonte de uma reportagem da BBC sobre a não existência de armas de destruíção maciça que supostamente justificavam o ataque ao Iraque.

Impressionou-me o facto de a BBC (sim a poderosa estação pública britânica referência de serviço público da nossa querida RTP) ser tão acolhida, qual menino desprotegido em colo de mãe, pelo governo britânico que não descansaria enquanto duas coisas acontecessem:
1- ou David Kelly apresentasse um pedido de desculpas à BBC
2- ou David Kelly morresse.

Infelizmente foi a segunda que aconteceu.
Isto não deixa de me ensombrar e colocar-me questões, enquanto comunicóloga (como dizia o saudoso José Carlos pereira), sobre o papel do jornalista nesta questão. Andrew Gilligan, o autor da reportagem que despoletou a polémica, indicava que teria uma fonte única sobre todas as informações contidas na peça. Esta informação era correcta mas não foi correcta a forma como a tratou. Veio-se a verificar que realmente era verdade, que não existiam armas de destruição maciça no Iraque, (e Blair ficou tão mal visto só por causa de um cientistazinho) e veio-se a verificar que afinal quem devia um pedido de desculpas era o governo britãnico.
Ora como pode a "referência" do serviço público ser tão manipulável pelo governo? Em Portugal os dinheirinhos a fundo perdido sabem sempre bem... será que também funciona assim na Grã Bretanha?
É pena que para que a verdade venha ao de cima um homem, que apenas pecou por ser sincero e querer partilhar as suas razões com os outros, tenha que se "suicidar" (coisa ainda por esclarecer). Teremos aqui um Kellygate??
Enquanto estou no trabalho, ouço Julie London... Não sei porquê imagino-me nos anos 50, num bar de jazz com um penteado digno da altura, sentada numa mesa, a fumar um cigarro com uma boquilha. Uma empregada vestida com um vestido preto curtinho e com um avental vende cigarros e queijadas de Sintra. De repente ouço um homem a gritar: “era penalty caralho! Só o ladrão do árbitro não viu!”
No intervalo entra ela para cantar. Saltos altos (que penso que não devem dar muito jeito para o relvado), vestido preto comprido, cabelo apanhado em cima... Julie faz uma entrada fenomenal. Um dia quando crescer quero ser como ela penso eu. O meu pai pergunta-me: “queres uma queijada filha?” Respondo: “não... quero uns sapatos de salto alto...”

domingo, julho 20, 2003

Mais uma cara transfigurada. Marcada pela dor. Todas as noites via caras em que se lia o vazio de em nada acreditar.

Sentado no banco ao fundo do balcão, não pude evitar. Mais uma bebida, mais um brinde às lágrimas, um convite ao choro. Sempre soube quem ia ocupar o banco ao lado do meu, mas demoras tanto a chegar minha querida.

Vejo-te agora entrar pela porta. Estás deslumbrante, ou sou eu que já brindei demais e vejo-te entrar desfocada e luminosa.

Pestanejo e deixo de te ver. O banco continua desocupado e eu peço mais uma bebida, desta vez com muito gelo. Preciso de voltar a mim lentamente.

Os teus olhos rasgados, verdes, a pele branca e imaculada dos teus ombros... como me apetece beijá-los! Só o facto de te ver aqui deixa-me ébrio.

Tocas-me por detrás, palmadinhas no ombro. Tomaste agora o rosto de um homem robusto obviamente com uns quilos a mais e delicadeza a menos enquanto me indicava a saí­da.
Saí­. Entrei na porta ao lado. Voltei a beber querida. Hoje tornas-te ainda mais meiga. Entras em mim, alegras-me, fazes-me chorar e respirar. Alguns vêm-te em sonhos, eu bebo-te e sinto-te em mim. Assim és real.

Desde cedo que soube o que queria de ti. Queria-te perfeita. Vejo-te todas as noites e atinges a perfeição.

Arrasto-me até casa sem saber em que rua estou. Até as coisas inanimadas têm vida, já que insistem em esbarrar em mim.

Vou só, como sempre, esperando esbarrar em ti.

Acordei. O sol queimava-me a vista e o choro o fí­gado. Resolvi manter-me de olhos fechados enquanto me tentava levantar.

O meu estômago recolheu-se numa dor arrepiantee deixei o meu corpo governar sobre mim. Uma dor de cabeça latejante atinjiu-me depois de um arrepio incontrolável. Perdi as forças nas pernas.

Sabia que estavas aqui. Não queria abrir os olhos com medo que desaparecesses como todas as outras vezes. Imaginei que falavas para mim perguntando-me se estaria melhor. Agora tinha realmente perdido as minhas faculdades mentais. Nunca antes me tinhas dirigido a palavra. A tua voz doce, gentil. preocupada levou-me a querer abrir os olhos. Associar um rosto á voz.

Tu abandonar-me-ias. Não podia correr o risco. Queria-te perfeita como sempre, e a realidade assustava-me tanto! E tu não podias habitar nessa realidade. Queria mas não consentia. Seria doloroso demais.

Senti a tua mão na minha e precipitei-me a correr. Não podias ser real meu amor.

Eras demasiado perfeita para isso.
Segundo o Dicionário Universal da Língua Portuguesa da Texto Editora...


PAIXÃO
do Lat. passione, sofrimento

s. f.,
sentimento excessivo;
amor ardente;
afecto violento;
entusiasmo;
cólera;
grande mágoa;
vício dominador;
alucinação;
sofrimento intenso e prolongado;
parcialidade;
o martírio de Cristo ou dos Santos martirizados;
parte do Evangelho em que se narra a Paixão de Cristo;
colorido, expressão viva, em literatura.

Lembro-me de uma vez quando era pequena e queria uma boneca. Insistentemente durante algum tempo pedi a boneca aos meus pais e depois de tantas lamúrias, por um natal, tive a sorte de a receber! Eu tinha uma Tucha! (naquela altura ainda não havia barbies) Brinquei e brinquei e brinquei durante tardes a fio, estava apaixonada pela minha Tucha. Um dia resolvi que ela deveria mudar de visual pois já a tinha assim há muito tempo e não iria ter outra boneca diferente para substituir aquela. Fiz omeletes com poucos ovos e operou-se uma mudança. A minha Tucha ficou com o cabelo curto! A minha paixão por ela ganhou outras formas! Parecia que tinha uma boneca inteiramente nova! E continuei a brincar com ela todas as tardes quando chegava a casa da escola.
Um dia encontrei o Tucha debaixo da pata do Putchi (o meu cachorrito) quando a consegui libertar do abocanhamento a minha Tucha estava disforme. Do braço apenas restavam lascas presas nos dentes do Putchi. Guardei-a dentro de uma caixa e dentro de mim.
Isto foi paixão.
ok... a primeira vez é sempre a mais complicada. É o não saber o que fazer com as mãos, como funciona.
O que vou escrever daqui para a frente é tudo menos a realidade, ou talvez não. São partes de mim, do consciente da inconsciência (Freud de certeza que explicava isto!) são apontamentos, são loucuras, é o elogio da loucura, são alegrias, tristezas... Tudo aquilo a que costumamos chamar vida.